Para dar-te este presente pensei em um sonoro soneto, de versos bem amarrados
Mas rimar Keka com sapeca talvez não ficasse legal, muito frugal, pra La de banal
Como fazer uma poesia parnasiana com cores pré-modernistas que ficasse original?
Senti-me um pré- adolescente que arruma o quarto pensando no sorriso da mãe
Pra depois, se sentir um alienígena perdido em seu próprio planeta ou seria gaveta?
Então me armei de rede e paciência e adentrei a imaginação buscando caçar versos
Como versos selvagens são um tanto quanto ariscos e poucos são os que lhes apanhe
Pensei em surrupiar alguns já domesticados, de preferência de criador bem afamado
Pulei muitos muros, invadi vários jardins, fui de Chico Buarque e Caetano ate Wando
Do quintal da casa do Quintana pulei pro do Neruda, dei Bandeira e o Manuel me viu
Quando o Augusto me pegou não adiantou chamar pelos Anjos, de mim não teve pena
Tentei roubar uma Garota e o Vinícius e o Jobim quase me enterraram em Ipanema
O Drummond chamou o Fernando em Pessoa para ver o Leminski me puxar à orelha
Mas, a sova que levei da Florbela Espanca, foi a pior que meu bumbum já sentiu
E o que era pra ser um soneto virou prosa com ares de trova, de poesia passou voando
E só depois do texto quase pronto é que busquei te ler com mais atenção
E assim descobrir que rimar Keka com Sapeca ia deixar muito feliz tua alma pueril
Que guarda seus medos em uma caixinha de sapatos para olhá-los de vez em quando
E nunca esquecer que coragem não é ausência de medo, mas a capacidade de enfrentá-los
Fazendo da vida uma tarde grande, dessas que se arrastam preguiçosas zombando do relógio
Como se quisesse guardar em si toda a eternidade e a felicidade não dependesse do tempo
Mas apenas da menina sapeca, que habita a poetisa que singelamente responde por Keka
(AlexSimas)
Homenagem a Poetisa e Amiga - Rachel Keka