sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Metades...


Traze-me tua sede, afoga-a em meu poço de desejos.
Cerra os olhos para que possas enxergar minha luz,
tudo que quero agora é um beijo seu, despudorado
molhado, melado com as lagrimas do reencontro.
Vem, deita comigo sobre os escombros da saudade,
o pó do passado é agora adubo para o novo jardim.
Rosas novas estão prontas para florir, com elas viram
também novos espinhos para novamente nos ferir.
Deixa que minha língua te seque o sangue nos dedos,
que meus beijos sejam o balsamo para tuas dores...

Acende novamente meu olhar no brilho de tua alma.
Gritemos nossos nomes em loucos sussurros roucos.
Areias do tempo não escoam por mãos entrelaçadas.
Hoje é nosso presente, ontem um quadro pendurado
nas paredes da lembrança, amanhã apenas um sonho.
Precisamos-nos, juntos somos metade, só somos nada...

(AlexSimas)

sábado, 18 de agosto de 2007

Ilusão...


Me distraio e pego-me sonhando teu sorriso, tua voz em meu ouvido, palavra
falada de fala embargada de uma garganta arranhada à me vê sozinho escutando
o silencio que expressa mais que palavras tortas. Coração cansado das escritas
que não dizem nada, fita o vazio buscando o olho que fala mais alto que o grito,
e teu olhar farol agora apagado me deixa ver a verdade antes ofuscada.

Minha alma de te ver é agora vidraça embaçada pelo frio que emana de teu ser,
não te vejo mais como antes, es agora imagem distorcida, fantasma perdido nas
tempestades de lagrimas choradas em tristes noites de chuva acida que corroem
os destroços do castelo de cartas onde fiz morada e caiu sob os ventos da farsa.

Pago o preço do pecado de ter ousado amar, sonhado querer o que não se pode ter.
Esqueci, desaprendi a me viver por ter por muito tempo te vivido, minha alma agora
em carne viva medita na dor suave da verdade sussurrada pela brisa soprada pelas
frestas da cabana para onde me mudei de você.

(AtsoC ErdnaxelA)

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Entrega...

Tranca-me em teus segredos
Faz-me objeto de loucos desejos
Afoga-me nas profundezas de teu olhar
Para que não me sinta só...

Chora-me em efusivas lágrimas de alegria
Sonha-me em tuas insones noites embriagadas
Perde-me nas esquinas de teus caminhos
Para que eu não viva só...

Sacia-me com tua fome de beijos
Apraza-me em teus gozos lascivos
Ensurdeça-me com os ecos de teu silencio
Mas não me deixe só...

Escraviza-me na tua liberdade
Deleita-me com as dores da saudade
Completa-me com tua metade
E nunca mais serei só...

(AlexSimas)

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Teu eu meu...

Meus olhos têm a cor de quem te quer amar
Só amar um muito amar...

Minha boca tem o gosto do teu nome
Que se repete como refrão sem parar...

Minhas mãos têm o calor do teu corpo
Num queimar sem chama que reclama
O abraço que inflama.

Meus sonhos sonham os teus loucos devaneios
Animal sem arreio cavalgando universos ilusórios
Espalhando poeira de estrelas por caminhos
Ladrilhados de desejos.

Meu tempo corre por teus momentos
Em seculares segundos de saudade...

Minha voz grita teus sons que ecoam nos cânions
De meu coração, replicando em minha alma o
Chamado do teu...

Minhas asas voam teus caminhos por distancias
Das demoras ansiadas no tamanho dos jardins
Plantados em minha por tua alma...

(AlexSimas)

Fantasia...

Esperei sob a janela por tuas tranças,
escadas que me levariam a teu coração...

Mas tua janela permaneceu fechada,
só me permitias ver-te através do vitral.
Nas translúcidas cores da ilusão...

Eu pensei que te via,
mas apenas te sonhava e no sonho
te desejei e te amei com a doce
pureza de um conto de fadas...

(AlexSimas)

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Procura...


Sento-me sobre os castelos de areia onde guardei meus sonhos
Fito o horizonte amplamente a procura do sinal reluzente de tua imagem
Vago pelas praias de meu existir na esperança de encontrar tuas pegadas
Curvo-me perante a estrelas, as quais o brilho resplandece em amor...

Por entre nuvens entrecortadas a pálida luz da lua acoita-me o rosto

Cerco-me de meus devaneios, envolvo-me pelo barulho das ondas...

A brisa morna da noite sopra-me momentos de ternura ainda não vividos

Estremeço ao notar tua silhueta ascender entre conchas a beira do mar

Com a mesma beleza de uma flor que desabrocha exalando suave aroma

Rumo ao teu encontro,toco-lhe a face despertada pelo brilho do desejo

Aos teus ouvidos afago o querer-te agora na eternidade desse instante

As pontas de meus dedos deslumbra-se por teus caminhos majestosos

No deságüe de almas inundadas de afeto, ancoro o tempo da devassidão

Em vigorosas braçadas cruzo o oceano buscando alcançar teu coração

E lá quero ficar para sempre ate morrer...

(Cris Poesia e Alexandre Simas)

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Morte em vida...


Trôpego cambaleio por entre destroços da alma esfacelada,
o coração me chuta o peito em agonia, ensandecido mordo
os lábios na vã tentativa de arrancar o gosto de teus beijos
apenas sonhados e sinto somente o ocre sabor do sangue.

O espectro de teus olhos na fotografia parece zombar
de mim, e eu agora fantasma perdido na legitima tristeza
disso tudo me olho no espelho e qual vampiro não mais
enxergo o meu reflexo, pois que não passo de um zumbi,
um morto vivo, uma pálida lembrança do que um dia fui
tal qual a flor ressecada perdida entre as paginas de um
livro esquecido na estante empoeirada da sala escura.

A minha inútil realidade afunda-se na movediça areia da
maldição que se tornou o miserável resto de vida ao qual
agarro-me em vão na tentativa de fugir das trevas que me
envolve com os férreos braços da tristeza e me devora o
espírito definhando minha carne.

Tranquei todas as minhas sensações na gaveta junto com
os soluços e as poesias que nasceram do aborto estúpido
de uma alma estuprada pela crença do amor perene.

E pela casa as sobras, os restos despedaçados de minha
fútil inocência embriaga-se com o álcool destilado de suas
próprias lagrimas e dos sucos do gozo que nunca viveu, e
na torpeza ébria em que se refugia da lancinante dor de
suas putrefatas chagas prostitui-se como única forma de
suportar o resto da miserável existência que lhe resta.

(AlexSimas)

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Viajante e nada mais...


Embarquei sem rumo no frágil barco da vida,
no mapa do destino cheio de encruzilhadas
não constavam instruções de uso ou guias
para orientar-me, me foi dado o livre arbítrio
de escolher o caminho a tomar, sigo errando
na tentativa de acertar, na estrada que tomei
muitos atalhos encontrei, por uns adentrei, a
maioria rejeitei.

Sigo tateando como um andarilho numa noite
sem luar, me foi dado o direito de saber o
começo mas não de conhecer em que altura
da caminhada eu estou ou quando ela vai
terminar.

No tanto que já andei muita gente encontrei
umas já se foram, terminaram suas jornadas,
de outras me perdi seguiram por diferentes
estradas, as que seguem comigo ate aonde
vão não sei, umas tantas eu amei com outras
me decepcionei, vi muita coisa boa e também
muita maldade.

Com nada eu comecei, com muito terminarei,
mais é leve minha bagagem, pois a mala que
carrego alem do que aprendi vai um pouco de
saudade.


(AtsoC ErdnaxelA)

Florando.

Florando
(Cris Poesia & Alexandre Simas)

Pela fresta em flauta sopram os sons,sonho-te em brancas nuvens
A música do vento chama-me à apreciar a lua em pleno clarão do dia
Embalo-me no balançar das folhagens desejando meus olhos te tocar
Meu corpo sente o som de tua voz na melodia arcana de tua angelitude
Em meus lábios,sorrisos ressaltados por tua doce boca que me encantas
Tua magia lírica ecoa pelo éter varando o tempo em onisciente presença
A sinfonia dos rouxinóis lembra a beleza do teu canto em meus arredores
Encantados colibris valsam com as rosas sob o aplauso das borboletas
Lírios despetalam-se sob teus pés perfumando todo o chão em que pisas
A natureza curva-se em reverência a tua resplandecente e magistral beleza
Depois de tanto tempo, tanta espera....
... chega-me florando a primavera.

Saudade...

(S)uave melancolia que me toma de assalto

(A)usência do amado ser que anseio retorno

(U)rge que voltes logo trazendo-me teus beijos

(D)eixa-me em aflição quando te demoras tanto

(A) ansiedade tortura-me a com tuas lembranças

(D)edico-me a enganar o tempo que teima não passar

(E)is-me aqui a espera de tua sempre amada presença

(AtsoC ErdnaxelA)

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Luminosa Escuridão...

Busquei refugio na caverna do desalento, Entrei ali não
por vontade própria, mas por imposição da angustia que
empurrava-me para o seu interior, já não suportava a
luminosidade Dos iludidos pela felicidade efêmera do
amor, E procurei nas sombras o conforto para a alma
combalida.

Na escuridão hei de encontrar o ungüento para as
feridas de meu espírito que arde dolorosamente
quando expostas a luz da hipocrisia...

é nessa escuridão que me clareia a visão, nitidamente
enxergo nos distorcidos reflexos das lagrimas a imagem
do dragão que habita o exterior da caverna e em cujos
olhos vejo o mórbido brilho disfarçado de esperança.

A luz do olhar da besta reflete nas paredes da caverna
imagens multicores onde se vê a beleza abstrata de
borboletas azuis, jardins encantados repletos de colibris
e flores de todas as matizes emoldurados por esvoaçantes
arco-íris a me convidar a novamente experimentar o doce
veneno do amor.

Confesso que o masoquista em mim deseja ardentemente
sair e novamente viver as dores da desenfreada paixão
que precede o amor, senhor da saudade que é a mãe da
angustia que desposou o desespero cuja prole é um sem
numero de demônios que tem por prazer molestar as
incautas vitimas que ousaram acreditar nas promessas
de felicidade contidas nas setas do filho de Afrodite.

Sirvo-me do barro fruto do pó do sofrimento com as lágrimas
da descrença para construir o muro atrás do qual me escondo
das ilusórias promessas do plenilúnio prateado que encandeia
as vistas dos poetas ingênuos que insistem em laurear o amor.

Regurgito de pronto a famigerada idéia e recolho-me ao frio
reconfortante das sombras que há de me proteger das dores
deixadas pelas queimaduras das chamas da paixão traiçoeira.

(AtsoC ErdnaxelA)

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

...E no começo tudo era escuridão...

Escuridão, trevas...
Palavras sombrias que assustam as pessoas.
Mas por quê?
Parem, pensem...
Onde começa a vida?
Onde germina a semente que gera a planta
seja ela um simples lodo ou uma gigantesca
arvore?
Nas sombras, na escuridão.
Existe luz embaixo da terra?
Onde surge o ovulo? E o espermatozóide?
Existe luz no útero ou nos testículos?
Onde é gerado o feto?
Existe luz no ventre?
Toda vida começa no escuro, seja ela animal
ou vegetal, é no escuro onde tudo começa.
Em Gênese Deus diz “que se faça a luz” e do
verbo se fez a luz...
Se ate o universo nasceu da escuridão, das trevas,
por quê tanto medo do berço onde tudo principiou?
A vida só alcança a luz depois de feita, ai sim ela se
alimenta da luz, mas sempre que precisa descansar
repor suas forças ela retorna para escuridão.
E quando tudo termina, no fim, voltamos para onde?
Para debaixo da terra onde não tem luz.

Portanto parem de amaldiçoar as trevas, sem as trevas
Não haveria vida, muito menos luz...


(AtsoC ErdnaxelA)

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Um amor, duas versões...


Amor enquanto vivido...

(A)brasante sentimento que aquece a alma...
(M)agnânimo em essência, sobrenome de Deus...
(O)asis de luz e encantamento supremo...
(R)adioso refúgio dos eternos enamorados...

Amor Traído...

(A)brasante sentimento que esfacela a alma...
(M)orada da dor, sortilégio de demônios...
(O)bsceno encantamento que oblitera a razão...
(R)apinante abutre de sonhos e vontades...

E ao Poeta resta usar seu talento para transformar
em palavras os sentimentos do coração que habita...

(AtsoC ErdnaxelA)

Para sempre Poeta...

Era uma vez um homem...
Que trazia dentro de si um Poeta
e o Poeta hibernava há vinte anos
anestesiado pela monotonia, pelo
tédio de uma vida insípida...

E tudo era comum, tudo era insosso.
a lua era só um satélite natural do
planetinha que ele habitava o sol
uma simples estrela de quinta grandeza
flores era mato como outro qualquer,
coração só um músculo...

Um dia o homem conhece uma mulher
e apaixona-se, uma paixão intensa,
um sentimento tão forte que gritava
e o grito acordou o Poeta, e o Poeta
mostrou-lhe toda a beleza e todas as
maravilhas da vida regida pelo amor...

A lua vestiu-se de prata e resplandecia
sua beleza nas noites estreladas, o dia
não mais simplesmente nascia agora
ele via a aurora e entendia o despertar
do sol como a esplendida chegada de
Apolo ao reino dos homens, uma única
flor perfumava toda uma planície...

De repente todas as estações eram
primavera salpicada de arco-íris, de
colibris, o barulho do mar era melodia,
sua alma brilhava e o brilho era intenso,
em suas veias não mais corria sangue
agora era pura larva que fervilhava de
paixão, de desejo, seu coração era um
vulcão em constantes erupções de amor...

Correspondido o homem não mais andava,
flutuava; não comia, degustava; não sorria,
gargalhava; e via o mundo pelos olhos de
uma criança brincando em um jardim
plantado pelo próprio Deus...

Então a criança-homem viu-se enganado
traído pela deslealdade da agora ex-musa,
apunhalado teve o seu peito rasgado, o
coração esfacelado, a alma mergulhada
na escuridão sorvia o fel amargo da taça
da traição, e ferido recolheu-se ordenando
ao Poeta que se retirasse...

Diante da firme negativa do Poeta em
novamente retirar-se, esconder-se
anular-se, falou-lhe o agora anti-homem:
Que fique pois que não tenho força ou
animo para expulsar-lhe, mais saiba que
tuas letras será de dor e tristeza, tuas
tintas não mais serão azuis e sim negras,
pois a fonte que te inspira agora é flagelo
e dor, veras o sol mas não enxergaras o
seu brilho nem sentiras o teu calor, soltarei
as feras no jardim e elas pisotearam as flores
e devoraram os pássaros e todas as tuas
estações serão para sempre inverno...

E assim fez-se, pois Poeta não vê, Poeta sente,
Poeta não inventa, não cria, ele apenas escreve
empresta seu talento aos sentimentos, marcando
com tinta o papel mensageiro que leva aos ventos
os versos, palavras de amor e/ou tormento...

Mais Poeta é anjo de Deus, senhor das palavras
e seu prazer é escrever sobre amor, paixão, beleza,
esperança, saudade, cores e brilho.

E agora desperto o Poeta espera o dia em que
o homem em que ele habita Descubra novamente
o amor e o homem-poeta possa mais uma vez
enamorar-se da lua e voltar ao jardim onde a vida
é uma flor e a brisa cheira almíscar e carmim...



(AtsoC ErdnaxelA)