sexta-feira, 30 de abril de 2010

Para quem não sabe ler, todo texto é torto...

Para quem não sabe ler, todo texto é torto...

Uma vez me falaram dessa coisa de texto revoltado, que sai quando quer, no mais das vezes, despenteado e todo amarrotado, há quem veja nisso, graça, e até, uma romântica beleza.

Mas, comigo não, texto comigo é no cabresto e no chicote, vai sair como eu quero, com cara de quenga, que na Bahia é piriguete, ou de beata, patricinha, de mãos dadas com um nerd.

Não engulo essa coisa de texto rebelde, texto a gente doma, bota cela e monta, e ele, vai para onde a gente quer.

Caso meta-se a besta, feito mula que empaca, meto-lhe os ferro, desancando ele anda, mostro-lhe logo quem manda.

A mão que segura à rédea é quem dita o caminho, e isso não é difícil, se você perceber bem, é quase como um relógio, pois sempre termina como tudo, numa praça arribada por uma matriz, que seria o doze, um doze que é meio, dia e noite.

Logo depois a sua direita, vem mais um com outro dois, que desapartados valem pouco, igual ao povo, que se juntasse, valia mais que o doze, que manda o tempo todo.

A sua esquerda tem dois um agarrado um no outro, esse queria ser doze, eu disse queria, porque podia ate ser mais, mas ali vive a política, casa dos hipócritas, onde dois um vale por onze, é um comendo o outro, por isso nunca chega a doze, é a verdadeira casa de noca, onde não se cobra dizimo, mas dez por cento é o mínimo garantido.

Os outros ao redor, são meros figurantes, observe que em alguns relógios eles nem aparecem, só o doze, e o seis, que também é importante, fica defronte do doze, mesmo que alguns afirmem ser embaixo, só um detalhe besta, pois que por baixo também se goza.

Outros afirmam ser o seis mais importante que o doze, embora ele não abra o dia, é ele quem traz a luz e com ela a labuta.

Ambíguo como deve ser tudo que é divino, é o seis que também trás com ele as sombras que fecha o dia, coisa que não se explica, o doze começa e termina, mas é pro seis que se reza a missa.

Amante generosa, pela frente abraça a noite, e por trás recebe o dia, e nesta orgia, em que se faz de recheio, o seis é a fronteira entre a fé e o medo, caixa de pandora onde todos guardam seus segredos.

- Epá! Onde eu estou?

- No meio de um trocadilho, de praça, povo e tempo, discorrendo sobre religião, política e outras safadezas.

- Mas, eu falava do texto, esse ladino safado, e num cochilo ele escorrega, e vai passear em outras tramas.

- Texto rebelde até se doma, mas os ladinos, esses são pior que quiabo.

- Mas, espera só um pouco, que dele também dou cabo, pra esse tipinho cínico, tem que usar pena capital, tríplice pena final, sem dó nem piedade, rasgo, amasso e queimo, e enterro o descarado em um balde.

- Espera meu compadre, vá com calma, seja prudente, por um culpado vai condenar também um inocente?

- E o papel, que tem com isso?
- Vai pagar por um crime que não cometeu?
- Só porque tu te desentendeste (e não aceita) as opções de tuas letras?

- Tudo bem, eu concordo!

- Mas, nem por isso arredo pé, vou aplicar a esse finório alguma punição, cada qual a seu cada qual, e texto, tem que ser texto e obedecer à mão, que é quem segura à pena e deita diretriz, não me importa a pecha de radical, vou manter minha opinião e punir esse marginal.

- Texto rebelde ate se admite mesmo o que peca na gramática, impõe admiração, mas o ladino, esse é ladrão, rouba as vistas do leitor, escondendo nas entrelinhas sua verdadeira intenção.

- Tudo bem! Vou poupar o papel, que apenas acoita esse safado, mas da borracha, ele não me escapa, com ela ei de dar-lhe cabo.

Santo Deus!

Quanto dislate, o que era para ser uma crônica, virou poema da pior qualidade.

(Alexandre Esse Cê)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Respostas...

Respostas...

Vivo dessas horas em que me jogo aqui na esteira
E abraço uma almofada, apenas para sentir o cheiro do silencio
Enquanto la fora o sol matiza de vermelho um céu de fim de tarde
A brisa invade minha janela trazendo com ela uma canção de ninar
O canto da relva que se prepara para dormir
Junto com ela as rosas, menos aquela que colhi
E pacientemente espera junto aos versos que fiz
Para celebrar o amor do qual me exilei

Sou quem sabe essa rosa que não vive nem morre
Mas apenas deita-se junto a versos ainda não lidos
Sinto-me assim, como essa rosa colhida
Enquanto a vela queima suas lágrimas sobre o castiçal
Refletindo nas paredes as sombras de uma antiga dor
Respiro esses ares solitários das almas exiladas
Cheias dessa ânsia desmedida de carinho
Que se perdem na madrugada em busca de respostas
Que esta bem ali, naquela rosa, que mesmo longe do jardim
Espalha perfume e beleza que verso algum pode traduzir

(AlexSimas)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Peregrino...

Peregrino...

Trago pés calejados de tanto andar
Nesta terra para onde vim há muitos anos
Muitas ruas de mesmas janelas
Tantos rostos de diferentes corações
Braços cansados de abraçar apenas corpos
Faces inexpressivas de sorrisos aguados
Silhuetas apagadas sobre a mesma paisagem
Amores vendidos por uns poucos trocados

Banquetas de camelôs ofertando sonhos usados
Pessoas abandonada nas calçadas como lixo jogado
Vozes roucas das mesmas ladainhas
Pregando contra os mesmos pecados
Ouvidos moucos de apenas palavras
Eterno jogo de interesses e favores trocados
Vida de medo do nome negativado
No SPC do céu por um dizimo atrasado
Igrejas orgulhosas de seus milhões de fiéis
Cidades acanhadas de tão pouca gente

Trago pés calejados de tanto andar
Nesta terra onde ei de morrer
Mas não sem antes abraçar almas ao invés de corpos
Receber sorrisos temperados de franqueza solida
Ver corações debruçados em janelas
Silhuetas brilhantes enfeitando a paisagem
Amores doados em troca de nada
Sonhos novos iluminando as pessoas das calçadas
Vozes tilintantes pregando esperança
Vida de gloria em um Deus amado
Cidades abarrotadas de gente
Igrejas vazias de hipócritas

Então terei orgulho de ter sido peregrino nesta terra...

(SamisXela)

sábado, 10 de abril de 2010

Minha Culpa, Minha Única Culpa

Minha Culpa, Minha Única Culpa


Entreguei-te minha vontade
Minha luta, força e fadiga
Dei-te tudo de mim
Tudo que sou...
Tudo que sei...

Desisti de mim para viver para ti
Idolatrei-te e te fiz minha musa
Te deleguei minha felicidade
Amei-te acima de deuses e da razão

Subi aos céus e desci a infernos
E com seus habitantes dancei
Entreguei-me a loucura
Adoeci de paixão

Nada me importava
Para tua felicidade eu vivia
Meu fardo não pesava
Minha cruz não doía
E assim foi através das noites...
...E dos dias

Cegou-me o brilho de teu falso amor
O que pensei ser jóia era bijuteria
Vi mel onde só havia sal
Mendiguei por tuas verdades
Pagasses-me com promessas e juras
Tão falsas quanto o beijo de Judas

De nada te culpo, perfídia
Sou eu único culpado
Culpado por acreditar-te
Culpado por idolatrar-te
Culpado por querer-te feliz
Culpado por te Amar

A mim nada deves
Nem as lágrimas que verto
Ou a dor que carrego
A ti só cabe a certeza
De ter sido amada
Como dante ser algum...
... Jamais o foi

(AlexSimas)