segunda-feira, 23 de julho de 2007

Estátua de Carne...


Um busto de mim mesmo...
Eis o que sou, o que vejo refletido
nos fraguimentos do espelho esmigalhados
no chão de meu inconsciente...
Um cadáver anunciado, aguardando para
morrer o punhado de morte que lhe resta...
Mutilado de esperança contemplo o eterno
conflito entre o bem e o mal o pecado e a graça
a carne e o espírito...
O destino atirou-me ao fundo do vale de lágrimas
onde rastejo enlameado sobre bloco de pedra lavrada
cripta em que se transformou o corpo, velho cárcere
que carrega dentro de si um coração de poeta...
Um indomável coração de poeta que teimosamente
insiste em versar sobre sua própria desgraça
dando a conhecer ao mundo a dor dilacerante
que carrega sobre os ombros combalidos...
Ilhado na solidão de minha própria culpa
vivo no exílio de poeira amarga e estéril,
único latifúndio que me restou...
Transformo em verbo as frustrações doloridas
o agudo sentimento de isolamento e impotência
que a ausência sufocante de um grande amor
deixou-me por herança me tornando o coração
mudo e imóvel tal qual um paquiderme doente...
Mutilado sigo adiante levando sobre os olhos
o lenço noturno encharcado do magma incandescente
que vagarosamente forja o rosto do homem novo,
pálido reflexo do que um dia foi quando a morte
parecia-lhe um sonho distante...



(Atsoc ErdnaxelA)

Nenhum comentário: