terça-feira, 24 de julho de 2007

Desabafo...


Fale comigo poeta...

Preciso que escrevas o que vou te ditar...

Me responde poeta? O que posso contra essa tristeza que adentra em mim como que fosse eu sua propriedade? Que posso eu se a ela alia-se uma angustia que macera meu peito, que me desmancha aos poucos.

Me diz poeta? onde encontrar a felicidade, esse lugar no qual a entrada é proibida só a mim?

Queria eu ter asas, não como as de Ícaro, mas como as dos anjos para poder voar para bem longe e habitar uma estrela distante.

Não posso continuar aqui poeta, pois não conseguirei recompor as portas quebradas, os vidros estilhaçados, muito menos o amor perdido nas esquinas das mentiras, por mais que tente refazer tudo elas continuaram nos estado em foram deixadas.

A mim só resta arcar com os danos, sinto-me como um papel rasurado. A metáfora do papel revela plenamente como venho me sentindo nos últimos dias.

Diga-me poeta? você que tanto sabe do amor, o que posso fazer para suavizar essa dor que me dilacera? Ajude-me poeta antes que a dor de me saber descartável me transforme em pó.

Minhas lagrimas não me molham a face poeta, pois que elas correm para dentro me afogando o coração e turvando a visão, já não enxergo a luz do sol.

As lembranças, há as lembranças poeta! a beleza extrema dos traços, dos gestos, o tom da voz, a risada espontânea a felicidade quase pueril nos olhos que ainda me encantam, tudo se traduz em um bailado empolgante, as vezes sensual.

O que tenho guardado em mim é tão puro poeta, tão leve, e que apesar de tudo me faz bem. Estive ao seu lado na inteireza do que fui capaz de estar.

E agora poeta só me resta o silencio, e eflúvio desse silencio me alcança e me atinge de maneira quase mortal.

Guardei a lança e o escudo no armário, para que raiva nenhuma que eu possa vir a ter possa feri-la. Os vidros e as portas partiram-se e eu também fui partido ao meio.

Resta-me agora ficar aqui de cócoras no canto escuro que escolhi para me esconder da saudade...

(Atsoc ErdnaxelA)

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