sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Outro Natal...

Outro Natal...

Sonhamos com neve sobre o telhado
Em pleno verão tropical
Papai Noel escorregando por chaminés
Em pleno verão tropical
Pinheiros nevados aterrados em presentes
Em pleno verão tropical...
... No país do eterno amanhã

Mesa farta de tâmaras, morangos, avelãs
Maçãs, figos, pêssegos, cerejas, nozes...
No país do caju, da manga, do abacaxi
Da goiaba, da banana, do açaí, do cupuaçu
Da graviola, da pupunha, do tucumã...

Lá fora uma redonda e cheia lua enfeita
Um céu de mil estrelas que pululam tal qual
Balé de vaga-lumes sob um azul quase negro
Embalando o hipnótico sentimento de
Solidariedade em cuja parede pendura-se
O quadro da hipocrisia, pintado com as cores
De nossa cega estupidez, quase irmã

Orgulhosos, distribuímos nossas migalhas
Aos pobres desafortunados...
Tão ou mais ricos dos nossos mesmos sonhos...
... Ate acordarem pela manhã

Ate a chegada dos soturnos dias de Janeiro
E junto com eles todas as lágrimas da terra
Recomeçando o drama da nova espera
Das caridades do próximo natal
Único dia no ano que a maioria das almas...
... Enxerga sua irmã

(Alexandre Costa)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Implacável...

Implacável...

O tempo voa...
Quem deu asas a esse cara?
Ele passa, atropela e vai
Sempre vai, nunca para
Não respira, não descansa
Come vida, bebe lágrima

Ricocheteia em sorrisos
Segue, pisando calos
Roendo ferro
Devorando séculos
Singrando, sangrando, cicatrizando
E vai, não para...
Comendo vida, bebendo lágrima

O tempo é isso, é bicho
Fera solta, indomada
O perdido que nunca se acha
Não conhece contramão
Sempre passa, nunca volta
Não se importa
Não olha em volta
Sempre em frente
Bebe lágrimas, come vida
Devora gente

Ele passa e lhe chama
Você vai ou você fica
Você escolhe
A ele nada importa
Quem vive ou quem morre
Ele só ensina
Uma única lição
Siga sempre em frente
Seja leve ou pesado
Seu coração
Não economiza vida
Vida guardada é sofrimento
Vida usada é diversão

(SamisXela)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ilógico...

Ilógico...

Quantas intenções vão escondidas
Por trás das outras
Quantas lágrimas perdidas
Madrugadas loucas
Quantos moinhos de ventos
Alimentam fantasias
Quantas noites sonhadas
Madrugadas frias
Quantas perguntas perdidas
Em respostas vazias
Quantas mesas, quantos bares
Transmutam mentiras e verdades
Quanto vinho sorvido
Para suportar os açoites
Quanto calor gera a alma
No ardor de uma paixão
Quanta luz é preciso
Para vencer a escuridão
Quantas camas freqüentadas
Para esconder a solidão
Quanto pão desperdiçado
Em nome da religião
Quantos sentimentos mesquinhos
Alimentam a dor
Quantos corações tolos
Vazios de amor...

(SamisXela)