terça-feira, 20 de julho de 2010

Para Sempre Poeta...

Para sempre Poeta...

Era uma vez um homem...
Que trazia dentro de si um Poeta
E o Poeta hibernava neste homem
Anestesiado pela monotonia, pelo tédio de uma vida insípida...

E tudo era comum, tudo era insosso
A lua era só um satélite natural do planetinha que ele habitava
O sol uma simples estrela de quinta grandeza
Flores era mato como outro qualquer
coração só um músculo...

Um dia o homem conhece uma mulher e apaixona-se
Uma paixão intensa, um sentimento tão forte que gritava
E o grito acordou o Poeta
E o Poeta mostrou-lhe toda a beleza
Todas as maravilhas da vida regida pelo amor...

A lua vestiu-se de prata e resplandecia sua beleza nas noites estreladas
O dia não nascia mais simplesmente
A aurora agora era o despertar de um sol
A esplendida chegada de Apolo ao reino dos homens
Uma única flor perfumava toda uma planície...

De repente todas as estações eram primavera
Salpicada de arco-íris, colibris, borboletas...
O barulho do mar era melodia
Sua alma brilhava e o brilho era intenso
Em suas veias não mais corria sangue
Agora era pura larva que fervilhava de paixão, de desejo...
Seu coração era um vulcão em constantes erupções de amor

Correspondido o homem não mais andava, flutuava
Não comia, degustava
Não sorria, gargalhava
Via o mundo pelos olhos de uma criança brincando em um jardim
Plantado pelo próprio Deus...

Então a criança-homem viu-se enganado
Traído pela deslealdade da agora ex-musa
Apunhalado teve o seu peito rasgado
O coração esfacelado
A alma mergulhada na escuridão
Sorvia o fel amargo da taça da traição
Ferido recolheu-se ordenando ao Poeta que se retirasse
O Poeta negou-se...

Diante da negativa do poeta
O homem falou-lhe pela boca da mágoa

- Que fique, pois que não tenho força ou animo para expulsar-lhe
- Mais saiba que tuas letras serão de dor e tristeza
- Tuas tintas não mais serão azuis e sim negras
- Pois a fonte que te inspira agora é flagelo e dor
- Veras o sol, mas não enxergaras o seu brilho nem sentiras o seu calor
- Soltarei as feras no jardim e elas pisotearam as flores
- Devoraram os pássaros e todas as tuas estações serão para sempre inverno...

E assim fez-se
E o Poeta aprisionado na dor do homem
Empresta seu talento a tristeza e a escuridão
Porque Poeta não vê, Poeta sente
Poeta não inventa ele apenas escreve
Marcando com tinta o papel mensageiro
Que leva os versos aos ventos
Palavras de amor ou tormento...

Mais Poeta é anjo de Deus
Seu prazer é escrever sobre:
Amor, paixão, beleza, esperança, saudade, cores, brilho...

E agora desperto
O Poeta espera o dia em que o homem em que ele habita
Descubra novamente o amor
E o homem-poeta possa mais uma vez enamorar-se da lua
Voltar ao jardim onde a vida é uma flor e a brisa cheira a almíscar e carmim...


(SamisXela)

Um comentário:

Regina Rozenbaum disse...

Alex, metido a poeta maluco, amado!
Então...bem-vindo!!! Apesar de toda beleza/dor desse poema, sinto de cheiro de mágoa(tá lá no Divã)
Beijuuss n.c.

www.toforatodentro.blogspot.com