sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Morte em vida...


Trôpego cambaleio por entre destroços da alma esfacelada,
o coração me chuta o peito em agonia, ensandecido mordo
os lábios na vã tentativa de arrancar o gosto de teus beijos
apenas sonhados e sinto somente o ocre sabor do sangue.

O espectro de teus olhos na fotografia parece zombar
de mim, e eu agora fantasma perdido na legitima tristeza
disso tudo me olho no espelho e qual vampiro não mais
enxergo o meu reflexo, pois que não passo de um zumbi,
um morto vivo, uma pálida lembrança do que um dia fui
tal qual a flor ressecada perdida entre as paginas de um
livro esquecido na estante empoeirada da sala escura.

A minha inútil realidade afunda-se na movediça areia da
maldição que se tornou o miserável resto de vida ao qual
agarro-me em vão na tentativa de fugir das trevas que me
envolve com os férreos braços da tristeza e me devora o
espírito definhando minha carne.

Tranquei todas as minhas sensações na gaveta junto com
os soluços e as poesias que nasceram do aborto estúpido
de uma alma estuprada pela crença do amor perene.

E pela casa as sobras, os restos despedaçados de minha
fútil inocência embriaga-se com o álcool destilado de suas
próprias lagrimas e dos sucos do gozo que nunca viveu, e
na torpeza ébria em que se refugia da lancinante dor de
suas putrefatas chagas prostitui-se como única forma de
suportar o resto da miserável existência que lhe resta.

(AlexSimas)

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