Crepúsculo de mais um dia
la fora o mundo escurecia
entrevia um encarnado céu
pelas frestas de uma janela
com seus vidros arranhados
pelas unhas de uma agonia
que habita a alma vazia...
branca folha esperando
pelo toque da pena, pela
macula da tinta, ansiosa
como a implorar por uma
linha, silenciosa palavra
que não chegava, calada
esperava pelo vento que
a joga-se no chão pra ver
se assim do poeta chamava
atenção...
pois que lhe prendia o peso
do copo vazio da bebida e
agora transbordando solidão,
la fora junto com o sol vai-se
o canto do rouxinol que ao
longe lembram gritos abafados
de uma saudade que teima em
sufocar como a corda no pescoço
do condenado a morrer apenas
por ter amado...
tremulam sombras nas paredes
vindas da tênue luz de um lampião
que mostra o velho jornal no
canto jogado em suas colunas
publicado anúncios de sexo barato,
escambo de carne por metal,
onde busca o poeta anestésico
para a dor da alma mutilada
nos braços do amor comprado...
carregando sua dor ao lado,
na escrivaninha o papel
abandonado sente saudades
do outrora poeta apaixonado...
(AtsoC ErdnaxelA)
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